terça-feira, 2 de junho de 2009

A verdadeira razão para a Final da Taça ser no Jamor.

Desde há muito, que esta questão da final da Taça de Portugal, ter que se realizar sempre no Jamor faz correr muita tinta.
Quando um dos finalistas é um dos "dois grandes" de Lisboa, as queixas estão relacionadas com o facto de estes jogarem em casa perante o adversário, constituindo uma subversão das leis da competitividade. A excepção é o caso de os dois finalistas serem os "dois grandes" de Lisboa entre si, ou com uma equipa da zona (ex. Setúbal).
Quando as duas equipas são de longe, e da mesma região, como foi este ano, as queixas prendem-se com o facto de milhares de pessoas terem que se deslocar a Lisboa, gastando imenso dinheiro e risco na estrada, para ver um espectáculo que podia ser num dos outros estádios do EURO2004.
Mas a federação todos os anos faz que não ouve e obriga a que a Final se realize num estádio, onde a EUFA e a FIFA não permitem jogos por falta de condições.
Só que este ano, no programa "Trio de Ataque", um dos comentadores, Rui Oliveira e Costa, individuo que costuma gostar de ser objectivo, recorrendo amiúde às estatísticas e outros dados inquestionáveis, embrulhou os pés pelas mãos, acabou por ceder perante a estupidez dos seus próprios argumentos e não teve outra solução senão deixar escapar- FINALMENTE - a razão de fundo que faz com que os nossos concorrentes apoiem este disparate: "Se o Pinto da Costa quer isso, então nós não queremos! Pronto!"
Tenho que confessar que achei esta confissão chocante! O sorriso que o homem não conseguiu deixar de ostentar; a consciência de que a razão que apresentava era estúpida, mas mesmo assim apresentá-la; o ressentimento pelas vitórias no desportivas; e finalmente, e mais importante, a mais elementar falta de respeito pelos adeptos.
Note-se que nenhum deles dos aderentes desta teoria, pensa nos milhares de pessoas que têm que se deslocar a Lisboa. Ou então pensam, mas se o fazem, é com uma absoluta falta de respeito. Pensam apenas em Pinto da Costa e que se saiba, ele até pode viajar de avião e fica, de certeza, na tribuna presidencial. Bastava ser este um ano de crise, para que este argumento vingasse. Duas equipas que jogam a alguns quilómetros da outra, deslocaram-se à capital, ignorando-se os novíssimos estádios de Braga, Coimbra, Guimarães, Leiria e Aveiro, dois dos quais ao abandono.
O próprio Oliveira e Costa acaba por enumerar alguns dos problemas daquele estádio. São eles duas casas de banho para aquela gente toda, falta de protecção para a chuva ou sol, uma entrada onde se afunila a multidão, a distância (ex. este ano) da origem geográfica dos contentores, etc.
Mas pelo menos, desta vez, tive o prazer de ver, escarrachada, na televisão e em horário nobre, a verdadeira razão, pela qual este circo se arrasta ano após ano. A razão que já conhecemos há muito tempo, mas que os detractores nunca assumem. Geralmente preferem apontar a contestação como "provincianismo", ou uma provocação de Pinto da Costa.
"Esta guerra o Pinto da Costa não ganha, e ponto final!"
Não interessa se tem razão ou não. Não interessa que os afectados sejam os adeptos.
É nisto que dá misturar a razão com a emoção!




P.S. Enquanto vê o vídeo, observe a qualidade dialéctica dos argumentos de Oliveira e Costa.
Mário Borges, 2 de Junho de 2009

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